Mato Grosso do Sul decidiu convocar todos os 7,3 mil inscritos no processo seletivo do chamado "Voucher Transportador" programa do Governo do Estado que custeia a migração na categoria da carteira nacional de habilitação (CNH), para suprir a falta de mão de obra caminhoneira em MS.
Decisão tomada pela alta cúpula do Governo do Estado foi repassada pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, na figura do secretário-executivo de Qualificação e Trabalho da Semadesc, Bruno Bastos.
Ainda em março de 2023, o Correio do Estado abordou a falta de mão de obra especializada no setor de transporte de cargas, como sinalizava os sindicatos das Empresas de Transporte de Cargas e Logística e dos Trabalhadores em Transporte de Cargas (Setlog e Sindicargas).
Até agora, conforme o Governo do Estado, entre os mais de sete mil inscritos e cerca de três mil convocados pelo programa, que teve mais de 500 inscritos só no primeiro dia de abertura, apenas cerca de 550 CNHs foram entregues.
"Eu queria anunciar aqui em primeira mão, que em conversa com o SEST/Senat, com o Detran, Setlog e empresas do segmento, que já convocamos 3 mil inscritos, mas vamos chegar aos 7.300 que se inscreveram no processo seletivo. Este é um compromisso do Governo do Estado com todos os parceiros", disse Bastos durante a 1ª Feira da Empregabilidade, em Campo Grande, na semana passada.
'Upgrade' na CNH
Vale ressaltar aqui os parâmetros necessários para ingressar nesse programa, já que um motorista recém-habilitado, por exemplo, ainda não está apto a aderir ao "voucher transportador".
Isso porque o motorista com primeira habilitação como condutor categoria B, normalmente, leva cerca de três anos até chegar na E, e finalmente estar apto para dirigir carretas e caminhões com reboques.
A progressão acontece de duas formas diferentes, uma delas sendo a opção de subir de categoria anualmente, já que é necessário o intervalo de 12 meses para progredir em ordem alfabética.
Porém, aquele motorista que mira a última das categorias de habilitação, pode esperar por dois anos na "B" e pular direto para a "D", sem passar pela classe intermediária (que permite dirigir caminhões não articulados, tratores e máquinas agrícolas).
Ao conquistar a CNH tipo "D", resta esperar 12 meses até chegar na última categoria, sendo necessários:
Ter 21 anos completos
Curso prático de 20 horas/aula
Teste de direção veicular
Estar aprovado nos exames de aptidão física e mental
Além de não ter cometido infração gravíssima nos últimos 12 meses
Sem taxas
Quem busca avançar para a última categoria de habilitação por meios próprios, além de participar do curso de 30 dias para a progressão, precisa desembolsar valores que giram em torno de R$ 4,2 mil nesse processo.
Ainda no ano passado, o próprio Sindicargas estimava, por meio de estudo com a categoria, que Mato Grosso do Sul tinha cerca de cinco mil trabalhadores "estagnados" nas categorias "C" e "D", com salários em torno de R$ 2,5 a R$ 3 mil.
Um motorista com categoria "E" ganha em média R$ 8 mil, com trabalhadores que tiram até R$ 17 mil, enquanto outros batem apenas R$ 3,5 mil mensalmente.
Por meio do "voucher", a troca de carteira para o condutor saltar de "D" para "E" acontece com isenção de taxas no Detran, sendo que diante de uma possível continuidade do programa, o Governo estuda com o Detran a possibilidade de que se mantenha essa dispensa do encargo.
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