A torneira está aberta, e teve uma vazão de R$ 200 milhões em 2022 só de juros. O Atlético-MG registra uma dívida líquida de R$ 1,57 bilhão. Contando os R$ 440 milhões do estádio do clube (Arena MRV), o valor bruto supera a casa de R$ 2 bilhões. A parte onerosa gera o custo elevado, que impede o Galo de respirar. Qual o plano?
Primeiro, o clube ainda irá reduzir gastos. O Atlético fez vendas de jogadores (cerca de R$ 70 milhões) nesse primeiro trimestre. Diminuir a folha salarial, mas ela está acima do previsto em cerca de R$ 8 milhões no ano. Na prática, seria como tirar um salário de R$ 615 mil mensais do elenco profissional.
"Precisamos respeitar o orçamento", pondera o CEO do Galo, Bruno Muzzi. No orçamento traçado para 2023, a previsão de custo do futebol era de R$ 251 milhões. O que daria, contabilizando o 13º salário, R$ 19,3 milhões. Tais valores, entretanto, englobam variáveis como benefícios e premiações de acordo com desempenho esportivo.
Por falar nisso, a projeção do Atlético é chegar, no mínimo, às quartas de final da Copa do Brasil, às quartas da Libertadores, e ao G-4 do Brasileiro. Até agora, com os avanços no mata-mata, são cerca de R$ 30 milhões de bônus garantidos.
No balanço financeiro a ser apreciado pelo Conselho Deliberativo nesta quinta-feira, é informado que o Atlético praticamente manteve o custo no futebol de 2021 para 2022: R$ 326 milhões. No ano passado, tal valor representou 83% de todas as desembolsos de caixa do clube.
Enquanto isso, a dívida onerosa do Atlético está em R$ 1 bilhão, considerando as operações de crédito (empréstimos de bancos) e o parcelamento fiscal. Muitos dos empréstimos bancários têm prazo de pagamento ao longo de 2023, que é o último ano da gestão do presidente Sérgio Coelho, com direito a uma reeleição. Nesse quesito, o Galo convive com uma taxa média de juros de 18%, que é o CDI (Certificado de Depósito Interbancário e um título de curto prazo), hoje em 13,75% + 4%.
Um índice usado na contabilidade para auferir a saúde financeira de uma empresa é o chamado EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização). No caso do Galo, houve R$ 23 milhões ao fim de 2022. Seria dizer assim: entre o que o Atlético pagou e o que ele recebeu, tirando os juros, houve um superávit de R$ 23 milhões.
A mira do Atlético está voltada, há tempos, para atacar os juros que corroem os cofres do clube. Entretanto, é uma luta sensível, uma vez que o clube precisa recorrer a empréstimos onerosos para as despesas operacionais do dia a dia.
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